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O Kitsch é o brega nosso de cada dia

by Redação
abril 4, 2025
in Saúde
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Las Vegas é o cenário kitsh por excelência. Luzes, réplicas, neons - uma ode ao excesso - Imagem: Natalie Soares/ Divulgação
Las Vegas é o cenário kitsh por excelência. Luzes, réplicas, neons - uma ode ao excesso - Imagem: Natalie Soares/ Divulgação
Las Vegas é o cenário kitsh por excelência. Luzes, réplicas, neons – uma ode ao excesso – Imagem: Natalie Soares/ Divulgação

Marlene Polito Publicado em 01/04/2025, às 11:03

Por que amamos o que, teoricamente, deveríamos desprezar?

Do anão de jardim à estatueta de unicórnio com glitter, do altar barroco dourado às novelas mexicanas e boleros rasgados, há algo no exagero, na artificialidade e até no “mau gosto” que insiste em nos seduzir. O nome disso? Kitsch.

Quando o mau gosto virou categoria estética

A origem do termo kitsch remonta à Alemanha do século XIX, onde era usado para descrever obras de arte baratas e sentimentais, feitas para agradar facilmente o público. De início, era apenas um rótulo pejorativo, que opunha esse tipo de produção à “arte elevada”, autêntica, refinada. No século XX, o debate se intensificou.

O crítico Clement Greenberg foi um dos primeiros a identificar o kitsch como um subproduto da cultura de massa: uma arte que, segundo ele, evitava o esforço intelectual em troca da gratificação imediata. Hermann Broch, por sua vez, via o kitsch como um consolo fácil, quase anestésico, para um mundo cada vez mais desencantado. Mas o tempo, sempre ele, gosta de dar meia-volta.

O retorno triunfal do exagero

Na segunda metade do século XX, com o advento do pós-modernismo, o kitsch passou por um inesperado processo de ressignificação. O que antes era considerado “feio” ou “cafona” ganhou nova roupagem e começou a ser revisitado como objeto digno de estudo, ironia e até veneração.

Balloon Dog (laranja), de Jeff Koons, em exibição na Christie’s. Imagem: Divulgação

Artistas como Jeff Koons, com suas esculturas monumentais de cachorros-balão em aço reluzente (Balloon Dog), assumiram sem pudor a estética kitsch. Em uma só peça, ele mistura a inocência infantil com o luxo metálico e espelhado de uma galeria milionária. Andy Warhol, ao elevar latas de sopa Campbell’s à condição de ícones artísticos, também contribuiu para borrar as fronteiras entre o vulgar e o sublime.

No design, o grupo Memphis, fundado em Milão nos anos 1980, fez história ao criar móveis que pareciam ter saído de um sonho infantil regado a sorvete de tutti-frutti: estantes tortas, cores berrantes, formas geométricas que desafiavam a lógica. A estante Carlton, por exemplo, virou símbolo de uma estética que grita — e não pede desculpas.

Estante Carleton, por Ettore Sottsass. Imagem: Divulgação

De repente, o kitsch deixou de ser apenas “mau gosto” e passou a ser estratégia estética. Uma provocação consciente.

Um pouco de ironia, um pouco de afeto

Umberto Eco, um dos maiores intelectuais do século XX, em Apocalípticos e integrados, nos ajudou a entender o kitsch como parte legítima da cultura de massa — algo que não deve ser descartado por puro esnobismo intelectual.

Afinal, o que move o kitsch, muitas vezes, é o afeto. Ele não busca o aplauso da crítica, mas o calor do reconhecimento. Um sentimentalismo escancarado que, para alguns, é piegas. Para outros, é humano demais para ser ignorado.

Na estética queer, no universo drag, nas festas populares, no carnaval: o kitsch se insinua como uma forma de resistência ao gosto institucionalizado. Ele é irreverente, colorido, exagerado — e justamente por isso tão poderoso.

O brega nosso de cada dia

Se o kitsch europeu tem seus bibelôs dourados e suas tapeçarias aveludadas, por aqui ele se manifesta com brilho e coração.

Pinguins de geladeira. Imagem: Divulgação

E como esquecer os pinguins da geladeira da vovó? As toalhinhas de crochê plastificadas? Os bibelôs de casal apaixonado, os quadros com cachoeira que acende, os porta-retratos com purpurina? Isso sem falar nas lojinhas de beira de estrada, com suas fontes iluminadas, cavalinhos que balançam a cabeça e cachorrinhos que acendem seus olhos a cada freada do carro.

São objetos que talvez não passem pelo crivo da crítica de arte, mas que passam — com louvor — pelo crivo do afeto. Ridículos? Talvez. Mas adorados, guardados, presentes de aniversário e troféus de conquista.

O kitsch, nesse sentido, é a prova de que o gosto, mesmo o “mau gosto”, é também uma forma de amor. Valoriza o artifício, o exagero e o que é “tão ruim que chega a ser bom”.

Porque o que é kitsch nunca é só kitsch

No fim das contas, talvez o kitsch nos comova porque ele fala diretamente ao coração — sem filtros, sem rodeios, sem medo do ridículo. Ele pode ser superficial, mas nem por isso vazio. Pode parecer ingênuo, mas às vezes esconde camadas de crítica e subversão. Ele nos confronta com o que tentamos esconder: nosso gosto pelo dramalhão, nossa nostalgia do que é simples, nossa sede por beleza fácil — ou por uma beleza que não pede licença para ser sentida.

A fronteira entre o sublime e o cafona é tênue. E deliciosa. Afinal, quem nunca se emocionou com algo que não ousaria colocar na estante?

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