O início de 2025 confirmou um movimento que já vinha sendo observado por consultores, empresas e especialistas em saúde suplementar: a Amil permanece no topo dos maiores reajustes de planos coletivos, repetindo a posição que ocupa desde 2023. A operadora, que possui mais de dois milhões de beneficiários, aplicou aumento de 15,75 por cento em seus contratos empresariais, o maior entre as principais companhias do país.
A elevação ocorre em um ambiente de custos crescentes e utilização intensa da rede assistencial. O setor começou o ano pressionado por internações mais frequentes, terapias de alto valor, medicamentos sofisticados e o avanço da idade média dos usuários, fatores que contribuíram para um cenário de despesas muito acima da inflação geral. O indicador que mede a variação dos custos médico-hospitalares se aproximou de 20 por cento, reforçando o descompasso entre despesas e receitas.
O ranking dos reajustes de 2025 confirma a permanência da Amil na liderança, seguida por Porto Seguro, Bradesco Saúde, Unimed Nacional e Sul América, todas com aumentos superiores a 12 por cento. Já as operadoras com modelo verticalizado, como Hapvida e NotreDame Intermédica, registraram índices mais moderados, ao redor de 11 e 10 por cento. As Unimeds regionais também apresentaram correções mais brandas, entre 8 e 12 por cento.
A maior parte dos beneficiários do país está em planos coletivos, que não têm seus reajustes divulgados pela ANS. Essa ausência de referência pública dificulta as negociações entre empresas e operadoras, já que cada negociação depende de dados internos e relatórios próprios. Para empregadores, o impacto tem sido cada vez mais difícil de absorver. Gestores relatam dificuldades para justificar internamente sucessivos aumentos acima de dois dígitos, especialmente quando essa tendência se mantém por anos seguidos.
No caso da Amil, especialistas destacam alguns fatores que ajudam a explicar os reajustes elevados. A operadora concentra carteiras com alto uso de procedimentos complexos e mantém contratos com redes hospitalares de custo superior. Além disso, parte de seus grupos de beneficiários apresenta sinistralidade persistente, acima da média do mercado. A combinação desses elementos, somada a três anos consecutivos de altas expressivas, cria uma base contratual difícil de reequilibrar.
Enquanto isso, empresas verticalizadas têm conseguido segurar melhor os aumentos por controlarem hospitais, clínicas e laboratórios próprios, reduzindo a dependência de terceiros. Essa estrutura oferece previsibilidade maior sobre custos assistenciais, o que se reflete em reajustes mais amenos.
O debate sobre transparência deve ganhar força ao longo do ano. Sem uma divulgação clara dos aumentos coletivos — que representam mais de 80 por cento dos usuários —, empresas e beneficiários continuam lidando com negociações complexas e pouca visibilidade sobre os fundamentos dos reajustes. A tendência é que o tema retorne ao centro das discussões sobre sustentabilidade do setor.
Por enquanto, o que se vê é a repetição de um padrão: a Amil permanece, pelo terceiro ano consecutivo, na liderança dos maiores reajustes do país, consolidando um movimento que afeta diretamente o orçamento das empresas e reacende questionamentos sobre os rumos da saúde suplementar.







